segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

"Doutor já tomei de tudo e a dor de cabeça não passa..."

Quanto mais analgésicos...mais dor...

cefaleia de rebote, também conhecida como cefaleia por abuso de analgésicos, pode ocorrer quando a ingestão de comprimidos, geralmente adquiridos sem prescrição médica mas também com medicações receitadas por profissionais, se torna repetitiva. Tipicamente, o paciente refere que cada dia vem usando mais comprimidos e que a ação deles parece cada vez mais curta.
Ácido acetilsalicílico, acetaminofen, dipirona, isometepteno,ergotamina e seus derivados e ibuprofeno estão entre as substâncias mais implicadas neste tipo de cefaleia. As características da cefaléia original, geralmente enxaqueca ou cefaleia tensional. desaparecem e dão lugar a uma dor de média intensidade, pesada, que pode ser de localização frontal ou mesmo envolver toda a cabeça.
cafeína também está implicada na gênese da cefaleia de rebote, porque, sendo um vasoconstrictor, ao cessar seu efeito, há vasodilatação e a cefaleia aparece. Pacientes portadores de enxaqueca são particularmente sensíveis à cafeína, devendo evitar café, chá mate ou chá preto e os refrigerantes tipo cola.
Algumas medicações com efeito vasoconstrictor, usadas para desobstruir as narinas ou em casos de sinusite, também podem criar quadros de abuso.
Alguns pacientes já apresentam cefaleia de rebote com o uso dos mais novos produtos anti-enxaquecosos, como os triptanos. É preciso estar atento ao uso repetitivo de medicações para aliviar a dor, sejam elas de que natureza química forem. Só os produtos de tipo preventivo não causam cefaleia de rebote mas sua brusca suspensão pode dar ensejo ao retorno da cefaleia, embora com a intensidade reduzida.
O paciente característico da cefaleia de rebote é mulher, na faixa de 30 a 50 anos, portadora de enxaqueca, iniciada durante a adolescência e que progressivamente foi tomando mais e mais analgésicos para controlar a sua cefaleia. Um dia, descobriu que já tomava 3 a 4 comprimidos por dia, vários dias por semana, e cada vez obtendo menor resultado com essas medicações. Depressiva, com problemas de insônia, irritada e ansiosa, finalmente foi à procura de ajuda médica.
tratamento desta condição exige que toda a medicação de abuso seja retirada e substituída por outros compostos visando a modulação central da dor e não apenas a analgesia. Um produto de "resgate" e medicação para vômitos (antieméticos) também devem ser utilizados.Ocasionalmente, ansiolíticos podem ser acrescentados para maior conforto do sofredor. Em alguns casos, recomenda-se internar o paciente em uma clínica ou em um hospital para cuidados mais intensivos e constantes.
É fundamental que o/a paciente mantenha um diário da dor de cabeça. anotando os episódios dolorosos que venha a apresentar. É muito importante a assiduidade ás consultas, já que a interrupção do medicamento precocemente e de maneira intempestiva freqüentemente se acompanham de retorno da dor. É importante ainda que o/a paciente se comunique com seu médico,caso ocorra um evento novo ou um "escape" no controle das crises.